Com greve de educadores sociais, professores da rede estadual têm de dar aulas dentro de celas. Governo ameaça com corte do ponto
Educadores sociais, vinculados à Secretaria da Família e Desenvolvimento Social (Seds) e que atuam nos Centros de Socioeducação (Censes) para menores infratores no Estado, estão em greve para protestar contra a falta de atenção do governo em relação à sua pauta de reivindicações, que cobra a criação de plano de carreira e melhores condições de trabalho, entre outros itens. Com o movimento destes companheiros, que é da mais absoluta justeza, o governo está obrigando os professores estaduais que atuam nos Censes a dar aulas dentro das celas, a desempenhar atividades próprias dos educadores sociais e até mesmo atuar na segurança dos centros.
Hoje, no quinto dia de paralisação, após terem fracassado as tentativas do governo de declarar judicialmente ilegal a greve dos educadores sociais, a titular da Seds, Fernanda Richa, determinou que professores ingressassem nas celas onde estão mantidos os menores infratores e passassem a ministrar as aulas ali, sem qualquer segurança à integridade dos docentes ou preocupação com o aprendizado. A determinação foi feita sob ameaça de desconto do ponto.
Mário Monteiro, presidente do Sindisec, sindicato que representa a categoria, diz que o termo "educador social" se aplica aos servidores da Seds que são responsáveis por assegurar a integridade física, patrimonial e a segurança dos Censes. A tarefa propriamente pedagógica aos menores internados cabe a professores da rede pública cedidos pela Secretaria da Educação (Seed). "Obrigar o professor a dar aula na cela certamente prejudica o trabalho, pois lá não há condições para isso; a finalidade do governo com esta atitude é mostrar que está fazendo alguma coisa, enquanto acaba expondo o professor", disse o dirigente.
Mais grave: professores estão sendo obrigados a realizar a segurança dos estabelecimentos de socioeducação. Segundo Mário Monteiro, durante a greve a situação é recorrente em todas as 18 unidades do Estado - apesar da resistência dos educadores em muitos casos, assim como a de policiais militares destacados para cumprir uma função alheia.
A greve, na verdade, apenas deixa em evidência uma situação que já era observada: professores são indevidamente convocados para trabalhos estranhos ao labor pedagógico dentro dos Censes, num caso grave de desvio de função, frequentemente silenciado pelo temor despertado pelas ameaças de represálias contra quem se nega.
A APP-Sindicato vai cobrar do governo a imediata regularização da atribuição indevida de tarefas aos professores em centros de socioeducação, continuar acompanhando os casos de abuso, além de reafirmar total apoio ao movimento dos educadores sociais, nossos companheiros no Fórum das Entidades Sindicais dos Servidores (FES), que precisam ser ouvidos, respeitados e atendidos em suas demandas.
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