Mais de 92,5% das apreensões do primeiro semestre são da droga
Vinícius Sgarbe do G1
O Paraná é a principal rota da maconha para o Brasil e também por onde passa muita cocaína e crack, avalia a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Somente nas estradas monitoradas por ela e que cruzam o estado, foram aprendidas mais de 9,4 toneladas de drogas no primeiro semestre de 2011 – mais de 92,5% eram maconha. Na comparação do mesmo período de 2009, 2010 e 2011, de um ano para o outro as apreensões de cocaína e crack cresceram mais de 100%.
“O aumento [das apreensões de cocaína e crack] é por causa da especialização dos policias”, diz o assessor de comunicação da PRF Wilson Martines. Ele comenta os frequentes episódios que chama de “boi de piranha”, quando traficantes colocam pequenas quantidades de drogas em veículos com a finalidade de despistar a polícia. “Mas aí é que eles [os traficantes] se enganam. Se temos que empreender uma perseguição, ficamos muito mais atentos no posto. E geralmente pedimos reforços.”
O número de ocorrências da PRF relacionadas ao tráfico cresce bem menos do que as quantidades de drogas apreendidas. Em 2009 foram 226; em 2010, 234; e no primeiro semestre deste ano, 189. “É impressionante onde eles colocam a droga. Usam mulheres lindas e carrões, principalmente [para o tráfico de cocaína e crack]. A gente [da polícia] vai entendendo melhor como os traficantes fazem e, é claro, as apreensões aumentam.”
Maconha à parte
No ano passado, no município de Santa Terezinha de Itaipu, vizinho de Foz do Iguaçu, a 20 km da fronteira com o Paraguai, uma carreta carregada com 21,5 toneladas de maconha foi apreendida. O motorista tinha nota fiscal de compensados de madeira, “com valor abaixo de mercado e o policial sabia que Foz não fabrica compensado, Curitiba é quem fabrica”, relembra Martines. Se tivesse passado, a maconha iria para São Paulo.
Foi a maior apreensão do tipo na história do país, segundo a PRF. Um ano antes, em 2009, foram apreendidas 61,9 toneladas de maconha em todo o Brasil, 22,4 toneladas (36%) no Paraná. No ano seguinte, 2010, somente no Paraná, graças à carreta recorde, as apreensões chegaram a 52,2 toneladas, ainda de acordo com a PRF.
“A rota da maconha passa pelo Paraná, pela proximidade com o Paraguai. As quantidades de cocaína são menores porque essa droga é produzida geralmente na Bolívia e na Colômbia. Há inúmeras tentativas de acordo com o Paraguai para coibir [o tráfico de drogas] na fonte, mas é um assunto delicado”, conclui Martines.
Por causa das grandes apreensões, como a da carreta, vieram as “formiguinhas”, esclarece. “Os traficantes reforçam chassis e suspensões de carros de passeio com chapas de aço de até 1 cm para que transportem até 1 tonelada [de droga]”. Segundo ele, os motoristas são os “cavalos loucos”, que arriscam atravessar o estado com maconha sem muito planejamento: “Se der certo, deu”.
Já a polícia tem os “cães de caça”, agentes especializados em perseguições. “Eles aplicam o princípio da força progressiva. O uso de uma arma de fogo é o último caso. Junto com o tráfico de drogas há também o de armas. E há também quem use armas contra a polícia, é uma atividade realmente perigosa.” No primeiro semestre a PRF apreendeu 63 armas nos rodovias do Paraná. Em uma apreensão recente, foram seis pistolas, “contrabandeadas de cinco países diferentes”. Porém os revólveres são os tipos mais apreendidos, seguidos das pistolas, espingardas e fuzis.
“Em 2010, a gente apreendia carga de arroz, tinha maconha. Apreendia carga de feijão, tinha maconha. Apreendia carga de cebola, tinha maconha. Era quase a cesta básica com maconha.” Se os números da PRF forem somados aos da Polícia Federal, no primeiro semestre deste ano as apreensões de maconha chegam a quase 33 toneladas no Paraná.
Nas apreensões de drogas, Guaíra lidera a lista de municípios mais problemáticos. Logo depois vêm Cascavel, Santa Terezinha de Itaipu e Laranjeiras do Sul/Nova Laranjeiras. Mais da metade das apreensões em rodovias ocorre na BR-277, que liga o litoral do Paraná a Foz do Iguaçu, no Oeste.
Pessoas
O número de presos por tráfico pela PRF também aumenta a cada ano. Em 2009 foram 277; em 2010, 322; e no primeiro semestre deste ano, 216. “A pena prevista para quem transporta mais de 21 toneladas e para quem transporta 500 kg é a mesma. As circunstâncias é que mudam. É muito mais fácil um advogado, por exemplo, conseguir provar que uma pessoa com um “tijolo” de 1 kg de maconha é usuário do que conseguir provar que alguém com 100 g de maconha dividida em pacotinhos é usuário”.
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