Descoberta geológica fica em Palmital, no centro oeste do estado.
Formação semelhante existe apenas no Hawai, segundo especialistas.
Uma equipe formada por geógrafos, geólogos e vulcanólogos da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) descobriu, em Palmital, a 397 quilômetros de Curitiba, a primeira caverna de origem vulcânica do país. "É uma cavidade diferenciada. A gente conhece caverna de calcário, de arenito, mas as cavernas em basalto só quem foi para o exterior para conhecer isso", explicou a professora do Departamento de Geografia da Unicentro Gisele Petrobelli. Segundo ela, estas feições são, na verdade, tubos de lavas preservados e assim como a cavidade encontrada em Palmital, existe apenas no Hawai. Lembrando que tubos de lavas diferenciados também podem ser encontrados em outras regiões do mundo. "É uma riqueza muito grande no Brasil", avaliou a professora.
A primeira caverna de origem vulcânica do país é chamada de Casa da Pedra (Foto: Miguel Burei/ Arquivo pessoal)
Cavernas ficam em uma propriedade privada (Foto: Miguel Burei/ Arquivo pessoal)
A geógrafa explicou que com esta identificação entende-se de outra maneira o processo geológico do Terceiro Planalto do Paraná. Até então, segundo a professora, pesquisadores acreditavam que na região não houve uma atividade vulcânica mais característica e que agora isso deve ser repensado. "Não se sabe de onde veio a lava, só o caminho que percorreu", acrescentou. Este caminho deu origem aos tubos que estão bem preservados, o que é essencial.
A estimativa, apesar de evidências se perderam no tempo, é de que alguns derrames têm idade superior a 130 milhões de anos. A professora destacou ainda que a descoberta torna-se uma ferramenta a mais na interpretação das atividades vulcânicas que deram origem a paisagem da região.
O local onde está a caverna ficou conhecido como Casa da Pedra e está dentro de uma fazenda particular na comunidade de Catuana. O Secretário de Meio Ambiente e Turismo de Palmital, Miguel Burei, é sobrinho do dono da fazenda. Ele contou que a área, que tem aproximadamente 300 hectares, era utilizada para o plantio de milho e que agora foi transformada em pasto para criação de gado. “Meu primo criava cabrito lá”, lembrou Burei.
Existe a possibilidade de as ossadas encontradas
nas cavernas serem pré-históricas
(Foto: Miguel Burei/ Arquivo pessoal)
Após a descoberta científica, o proprietário decidiu doar 1% da terra para pesquisa científica e o local foi isolado. Isso porque foram encontradas ossadas que podem ser de animais pré-históricos. Segundo a professora da Unicentro, quanto mais intensa a atividade vulcânica, maior a formação de canais de lava e ramificações. Na Casa da Pedra, o duto principal possui 37 metros de extensão.
“A gente foi até onde dava para respirar. Eles [os pesquisadores] pediram para ninguém entrar porque pode impactar no material existente. Eles isolaram para não interferir na pesquisa”, contou o secretário.
A intenção é transformar o local em uma unidade de preservação ou em um parque para que sejam desenvolvidos projetos turísticos. A gestão deve ser atribuída a uma Organização não Governamental (ONG), especializada em Meio Ambiente, para que as visitas sejam controladas e qualquer futura ação não degrade o espaço. Os primeiros passos para que a proposta saia do papel já foram dados.
A segunda caverna descoberta chama-se Peráu
Branco e fica na comunidade da Prata
(Foto: Miguel Burei/ Arquivo pessoal)
Na quarta-feira (27), houve uma reunião com representantes do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para se discutir a proposta. O secretário municipal está otimista, principalmente após algumas empresas da iniciativa privada demonstrarem interesse no desenvolvimento de ações sustentáveis no local.
Além da Casa da Pedra, existe outra caverna na fazenda que também é de origem vulcânica. Enquanto na primeira há um duto, na segunda existem quatro. Na verdade se trata de um sistema de tubos de lava, chamado de Peraú Branco.
O interesse dos pesquisadores O local despertou a curiosidade pesquisadores quando Burei publicou as fotos em redes sociais, na internet. Professores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo foram até o local para reconhecer a origem geológica até então desconhecida no Brasil.
Em alguns trechos da Caverna percebeu-se que o chão é oco, o que segundo especialistas, indica que deve haver outros dutos embaixo da Casa da Pedra. Para ele, pelas características da região podem haver outras raridades escondidas no Terceiro Planalto paranaense.
|Fonte G1/RPC